Keyside – Review Completa do Novo Eurogame da Série “Key” - Mundo Tabuleiro

Keyside – Review Completa do Novo Eurogame da Série “Key”

Keyside

Quando ouvi pela primeira vez sobre Keyside, confesso: minhas expectativas estavam bem comedidas. Como alguém que joga e escreve sobre jogos de tabuleiro há mais de uma década — e que coleciona religiosamente os títulos da série “Key” — eu já vi muita promessa vazia em Kickstarter. Você sabe como é: arte linda, proposta ousada, mas o jogo chega e… meh. Fica encostado na prateleira entre o “joguei uma vez” e o “talvez funcione com o grupo certo”.

Mas Keyside me surpreendeu. E, sinceramente, foi uma surpresa daquelas boas. Não do tipo “uau, explodiu minha mente” — isso raramente acontece com Eurogames, sejamos francos — mas do tipo “poxa, esse jogo tem camadas que eu não esperava, e já quero jogar de novo”.

Eu venho acompanhando os designs do Richard Breese há tempos. Keyflower foi um divisor de águas na minha coleção. Já Keyper… bom, esse ficou na estante por motivos diplomáticos (minha parceira adora, então fica, rs). Quando vi o nome de Dávid Turczi ao lado do Breese em Keyside, acendeu uma luz. Turczi sabe como injetar tensão onde parece não haver espaço. E esse toque é visível aqui.

Por isso, neste review completo de Keyside, eu vou te contar como esse jogo funciona de verdade, o que ele entrega de diferente na série, e — o mais importante — se ele merece ou não entrar no seu seleto hall de jogos que voltam pra mesa.

Keyside: Mecânicas que Falam Alto

O que faz um Eurogame ser memorável? Essa é uma pergunta que me acompanha sempre que sento para testar um jogo novo. E Keyside, com seu cenário portuário vibrante e sua proposta de alocação de trabalhadores movida a dados, responde com um sussurro firme: “decisões que importam”.

Aqui, cada jogador comanda 18 keyples — os simpáticos trabalhadores da série Key — em uma ilha com 12 portos, mercados, campos de trigo, florestas e pedreiras. A proposta? Usar seus 6 dados para movimentar barcos, ativar portos e, com isso, colocar seus keyples para trabalhar. A cada rodada, você escolhe se vai liderar ou seguir as ações dos outros, um sistema de follow que adiciona dinamismo e interação no ponto certo.

Mas a cereja do bolo aqui é a forma como o jogo trabalha o tempo. Keyside se passa ao longo de três “anos” (ou rodadas), e em cada um deles você sente o aperto típico dos bons Euros. Não chega a ser sufocante como Key Market, mas tem tensão o suficiente pra te deixar pensando no próximo movimento antes mesmo de acabar o turno atual.

E aqui vai meu toque de experiência: o segredo está na leitura do tempo. Saber quando usar um dado para movimentar barco, quando “seguir” a ação de outro jogador, e quando colocar seu keyple naquele espaço que todo mundo está de olho. Jogando com veteranos, essa leitura é o que separa o jogador mediano do estrategista.

Outro ponto bacana é que Keyside não cai na armadilha de ser mais do mesmo. Apesar de carregar a identidade da série — com o estilo visual da R&D Games e a lógica de influência de área — ele traz frescor. Os dados não são sorte pura; são ferramentas estratégicas que, bem utilizadas, viram o jogo ao seu favor.

E olha, uma dica de ouro: fique de olho nos portos. Eles são o coração do jogo, onde acontecem os grandes pontos e as viradas mais épicas. Ter keyples nos portos certos na hora certa é o que define vitória ou frustração.

A Experiência de Jogo em Diferentes Níveis de Jogadores

Uma das coisas que eu mais gosto de fazer é apresentar jogos novos para diferentes perfis de jogadores — dos casuais aos veteranos que já leram mais manuais do que livros no ano. Com Keyside, tive a chance de testar com três grupos bem distintos. O resultado? Foi surpreendente.

Comecei apresentando o jogo para um casal de amigos que joga esporadicamente. São fãs de jogos como Azul, Ticket to Ride, e às vezes se aventuram em algo mais robusto como Viticulture. Expliquei as regras com calma, fizemos uma rodada simulada, e eles pegaram o jeito rápido. A mecânica de dados como direcionadores de barcos gerou algumas dúvidas no início, mas logo virou “ahhh, agora entendi!”. O curioso? Eles curtiram a liberdade de ação. Gostaram de não se sentirem presos a uma única estratégia, algo que Keyside realmente entrega bem para iniciantes.

Já no meu grupo mais experiente, que se diverte com pesos-pesados tipo Brass: Birmingham e Food Chain Magnate, o clima foi outro. Aqui, cada decisão era uma análise fria. Aquela jogada de seguir o oponente pra pegar ação com custo reduzido virou uma disputa tática. O uso dos dados como força de movimentação dos barcos virou um duelo psicológico. “Você vai puxar pro porto 8, né?” — “Depende, você vai colocar keyple lá?”. Foi delicioso de acompanhar. O jogo entregou tensão, timing e bloqueios bem posicionados, tudo que esse tipo de jogador ama.

E pra fechar o ciclo, testei com meu parceiro de todas as jogatinas (aquele que sobreviveu a todas as campanhas de Gloomhaven comigo). Jogamos Keyside em dois jogadores e, honestamente, foi onde o jogo mais me surpreendeu. A escala ficou mais enxuta, claro, mas o mapa se manteve relevante e as decisões ainda tinham peso. A interação foi mais sutil, mais calculada, mas presente. Ideal pra quem curte duelos cerebrais sem a interferência caótica de muitos jogadores.

Esse aspecto adaptativo de Keyside é algo raro e valioso. Não são todos os Euros que conseguem oferecer experiências robustas para diferentes públicos. Geralmente, ou o jogo é simplório demais pros pesados, ou complexo demais pros iniciantes. Keyside encontra um equilíbrio que, honestamente, é difícil de alcançar.

Claro, ele exige um pouco mais de atenção nas primeiras jogadas — como todo jogo com sistema de alocação + dados + timing. Mas não é aquele tipo de jogo que você termina exausto de tanto pensar. Ele te convida a mergulhar, mas deixa boia por perto se você ainda não sabe nadar nos Euros mais profundos.

Vale o Investimento? Análise Final com Pontos Positivos e Negativos

Comprar um jogo de tabuleiro hoje em dia não é só sobre jogar. É um investimento — de tempo, dinheiro e espaço na estante (que, vamos ser honestos, já está ficando apertada pra todo mundo, né?). Então a pergunta que mais recebo quando falo de um lançamento como Keyside é: vale a pena?

Bom, depois de várias partidas, com diferentes grupos e estilos de jogo, posso te responder com segurança. E, como todo bom Eurogame, a resposta é: depende das suas preferências. Mas aqui vão os pontos que realmente fazem diferença na hora de decidir.

O que Keyside entrega de positivo:

  • Mecânicas sólidas e bem integradas: Nada aqui parece jogado ao acaso. Os dados, os portos, a alocação de keyples, tudo conversa bem.
  • Rejogabilidade alta: Cada partida tem dinâmicas diferentes. O timing de ativação dos portos e o posicionamento dos trabalhadores mudam o jogo completamente.
  • Escala bem com número de jogadores: Seja com dois ou quatro, o jogo flui bem, o que não é comum em Euros desse calibre.
  • Estética e produção: O padrão da R&D Games se mantém. Ilustrações estilosas, componentes bem produzidos e uma mesa que chama atenção.
  • Aprendizado acessível: Comparado a outros jogos da série, Keyside é mais fácil de ensinar e entender — sem perder profundidade.

O que pode pesar contra:

  • Menos tensão econômica: Se você é fã daquele aperto de recursos que deixa você suando na rodada 2, talvez ache Keyside “leve demais”.
  • Curva estratégica crescente: Apesar de ser acessível, leva umas partidas pra você realmente enxergar as engrenagens mais finas do jogo.
  • Dependência de grupo: O sistema de seguir a ação dos outros brilha mais em grupos que jogam com atenção e timing. Jogadores distraídos podem deixar o jogo menos dinâmico.

E aí, entra ou não na estante?

Pra mim, a resposta foi um sonoro sim. Keyside não tenta reinventar a roda — ele a lubrifica. Ele entende de onde vem, respeita a tradição da série Key, mas dá um passo próprio em direção a uma experiência mais moderna e fluida. É o tipo de jogo que não assusta quem está começando a se aprofundar nos Euros, mas ainda assim oferece camadas estratégicas o suficiente pra agradar quem, como eu, já tem umas boas centenas de partidas nas costas.

Ele não vai substituir Keyflower no meu coração. Mas vai ficar ao lado dele na prateleira, com orgulho.

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