The Lord of the Rings: Fate of the Fellowship – Review Completa de um Especialista em Jogos - Mundo Tabuleiro

The Lord of the Rings: Fate of the Fellowship – Review Completa de um Especialista em Jogos

The Lord of the Rings: Fate of the Fellowship

Sabe aquele momento em que você rasga o lacre de um jogo novo, abre a caixa sentindo o cheiro do papel recém-impresso e pensa: “É agora, essa vai ser épica”? Pois é, comigo foi assim quando coloquei as mãos em The Lord of the Rings: Fate of the Fellowship.

Como alguém que joga, estuda, analisa e escreve sobre jogos de tabuleiro há mais de 15 anos, e com uma coleção que já não cabe mais nas prateleiras (e nem no guarda-roupa, pra ser sincero), eu estava ansioso por essa adaptação cooperativa da clássica jornada de Frodo. Sendo fã de carteirinha da obra do Tolkien e dos designs do Matt Leacock (criador de Pandemic), minhas expectativas estavam nas alturas.

Mas foi aí que veio a surpresa.

Porque Fate of the Fellowship não é simplesmente um “Pandemic com skin de Senhor dos Anéis”. Ele é, ao mesmo tempo, mais tático, mais imersivo e mais caótico. E esse caos, a princípio desconcertante, acabou se revelando parte essencial da experiência.

No meio do caminho, fui de empolgação a frustração, de frustração a fascínio. Testei o solo mode, joguei partidas em grupo, analisei os componentes, as mecânicas, e principalmente a sensação de estar vivendo uma história. E agora estou aqui para contar tudo.

Se você está na dúvida se esse jogo merece um espaço na sua mesa (ou na sua estante), vem comigo nessa resenha completa, cheia de experiências reais, pontos fortes, críticas sinceras e dicas de quem já caiu nas armadilhas de Mordor mais de uma vez.

Um mergulho nas mecânicas: quando Pandemic encontra Mordor

A primeira vez que sentei para jogar The Lord of the Rings: Fate of the Fellowship, o manual já me deu um aviso silencioso: “Você vai precisar de tempo.” São 24 páginas que vão muito além do básico, e isso já sinaliza uma verdade inegável — esse não é um jogo introdutório. Se você está acostumado com Pandemic e achava que sabia o que esperar… prepare-se para ser surpreendido.

O que temos aqui é um jogo cooperativo para 1 a 5 jogadores, em que cada jogador controla dois personagens — algo que, por si só, já exige mais raciocínio estratégico do que o normal. E não estamos falando de personagens genéricos: são membros da Sociedade do Anel e seus aliados, cada um com habilidades únicas. A responsabilidade de proteger o Frodo e conduzi-lo até Mordor recai sobre os ombros de todos. E acredite, isso pesa — e muito.

As similaridades com Pandemic… e o que muda tudo

Sim, a espinha dorsal ainda é uma corrida contra o tempo. Ainda há decisões de ação por turno, cartas de evento que bagunçam tudo, e aquele gostinho agridoce de saber que você está constantemente dois passos atrás do problema. Mas o que muda o jogo completamente é a forma como isso se desdobra na mesa.

A movimentação furtiva de Frodo e Sam é o verdadeiro coração tenso da partida. A cada passo dado, você precisa decidir: usar um token de furtividade ou rolar os dados de busca e encarar a chance de Frodo perder esperança. É aqui que o jogo brilha. A gestão de risco é tangível. Você sente o peso da decisão — e o medo de uma rolagem ruim é real.

Outro ponto genial: o Olho de Sauron. Ele se move de forma imprevisível, perseguido pelos Nazgûl, que por sua vez colocam pressão constante nos jogadores. Os outros membros da Sociedade podem (e devem) tentar chamar atenção para longe de Frodo, travando batalhas em outras regiões. Isso não só é inteligente do ponto de vista mecânico, mas incrivelmente temático. Me senti mesmo como se estivesse recriando momentos do livro ou do filme.

Shadow Troops e as infames rotas de ataque

Agora, vamos falar da parte mais polêmica: o sistema de movimentação das tropas inimigas. Elas seguem “linhas de batalha” no mapa — um conceito herdado do Pandemic: Fall of Rome, mas executado aqui com menos clareza visual. Em Rome, as linhas eram limpas e codificadas por cores. Em Fate of the Fellowship, elas estão por toda parte. Literalmente. Isso torna a leitura do tabuleiro mais difícil, especialmente nas primeiras partidas.

Alguns jogadores, como eu nos primeiros jogos solo, vão achar isso frustrante. Mas depois de conversar com a comunidade e rever minhas partidas, percebi que essa “bagunça” faz parte do design. O jogo não quer que você tenha controle total. Ele quer te colocar numa posição de desvantagem estratégica, assim como os Povos Livres estavam na história original.

Há uma lógica por trás do caos, e com o tempo, você aprende a ler os sinais. Observar as cartas de Sombra iniciais e traçar os caminhos mais prováveis de ataque vira parte essencial do jogo, algo que adiciona profundidade ao planejamento e recompensa a experiência.

O que funciona (e o que poderia ser melhor): pontos fortes e frustrações reais

Eu costumo dizer que um jogo bom é aquele que te faz pensar nele mesmo depois que a mesa foi desmontada. E Fate of the Fellowship definitivamente me deixou com a cabeça a mil. Não porque tudo funcionou perfeitamente — longe disso. Mas porque ele mexe com a nossa expectativa como jogadores experientes, e até com o coração de fã de Tolkien. E isso, por si só, já é um mérito enorme.

O que realmente brilha

Vamos começar pelo que este jogo faz de maneira magistral. O primeiro destaque, sem sombra de dúvida, é a ambientação temática impecável. A forma como o jogo traduz a tensão da jornada de Frodo, os perigos espreitando a cada passo, o olhar constante de Sauron… é simplesmente brilhante. O sistema de furtividade, as cartas de evento, a movimentação dos Nazgûl — tudo colabora para fazer você se sentir dentro da história.

Outro ponto alto é a dinâmica cooperativa, que exige comunicação, planejamento e sacrifício. Sim, sacrifício. Às vezes, você vai precisar deixar seu personagem vulnerável só pra distrair o Olho de Sauron ou ganhar tempo para Frodo avançar. Já fiz isso com o Aragorn numa das partidas e, mesmo perdendo o personagem, consegui garantir que Frodo passasse pelos Pântanos Mortos ileso. Foi épico.

Além disso, a replayabilidade é um ponto fortíssimo. Com 24 objetivos variáveis, 14 eventos e 13 personagens jogáveis, nenhuma partida é igual à outra. Ainda mais quando se joga no modo solo, que foi projetado pelo próprio Matt Leacock com muito carinho. Joguei duas partidas solo e, apesar de algumas frustrações, a experiência foi densa, tensa e satisfatória.

E o que poderia ser melhor?

Agora… a parte amarga do lembas.

Como mencionei antes, o sistema de movimentação das tropas inimigas é o ponto mais frágil do design. As “linhas de batalha” estão por todo o mapa, e a leitura visual disso pode ser um pesadelo, principalmente nas primeiras jogadas. Diferente do Pandemic: Fall of Rome, aqui o mapa é mais caótico e menos intuitivo. Jogadores que gostam de planejar tudo com precisão podem se sentir perdidos — ou pior, frustrados.

Outra questão é o nível de complexidade das regras. Embora isso não seja necessariamente um defeito (eu gosto de jogos densos), vale o alerta: se você vai apresentar esse jogo para um grupo que não conhece Pandemic ou não está acostumado com jogos cooperativos estratégicos, prepare-se para uma curva de aprendizado considerável. A primeira partida pode ser truncada, com idas e vindas no manual.

Por fim, alguns elementos de sorte — como as rolagens dos dados de busca — podem gerar momentos de puro desespero. Em uma das minhas jogatinas, Frodo estava a um espaço de Mordor, tudo perfeitamente alinhado… e bum: dois resultados negativos nos dados, esperança perdida, jogo perdido. É temático? É. Mas nem todo mundo vai curtir esse tipo de “puxada de tapete”.

Vale a pena ter The Lord of the Rings: Fate of the Fellowship na coleção?

Essa é a pergunta de ouro, né? E como todo bom jogo cooperativo, a resposta também precisa ser construída em conjunto — com você, leitor, refletindo sobre o que busca numa experiência de jogo. Mas deixa eu te contar como cheguei à minha conclusão.

Depois de umas boas partidas solo e outras em grupo (com direito a risadas, discussões estratégicas e algumas derrotas amargas), posso dizer com tranquilidade que The Lord of the Rings: Fate of the Fellowship tem lugar cativo na minha coleção — mas não sem ressalvas.

Para quem é esse jogo?

Se você é fã do universo de Tolkien, gosta de jogos cooperativos tensos, cheios de decisões difíceis e com alto envolvimento temático, esse jogo foi feito pra você. A cada turno, você sente o peso da jornada, a pressão do tempo e a ameaça iminente da escuridão. E o mais bonito: ele transmite isso não com floreios ou excesso de texto, mas com mecânicas integradas ao tema. Isso é raro.

Além disso, se você curte jogos com alta rejogabilidade e um bom desafio, vai se encontrar aqui. Tem conteúdo de sobra, e cada sessão oferece uma história diferente. O modo solo é sólido, e o design é inteligente, com momentos em que você realmente para e pensa: “Ok, se eu fizer isso… o que estou arriscando?”

E pra quem talvez não funcione tão bem?

Agora, se você busca uma experiência mais leve, ou se seu grupo não curte jogos com regras densas e momentos de caos imprevisível, talvez seja melhor considerar outras opções. Fate of the Fellowship exige foco, paciência e uma boa dose de aceitação de que nem tudo estará sob seu controle. Isso pode ser frustrante para quem gosta de dominar completamente o tabuleiro.

Outro ponto: esse definitivamente não é um jogo “porta de entrada”. Eu não o colocaria na mesa com iniciantes em jogos modernos, mesmo que sejam fãs de Senhor dos Anéis. O ideal é jogar com gente que já tem alguma quilometragem em jogos como Pandemic, Spirit Island, Gloomhaven Jaws of the Lion ou até Eldritch Horror.

Meu veredito pessoal

No fim das contas, Fate of the Fellowship é um jogo que recompensa os persistentes e apaixonados. Ele exige envolvimento, mas entrega momentos memoráveis. Se você gosta de jogos que contam histórias através das decisões, com uma atmosfera densa e uma dose honesta de frustração e glória, ele tem tudo pra se tornar um favorito da sua coleção.

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