Sabe aquele momento em que você olha para um jogo de tabuleiro e pensa: “Ok, parece interessante, mas será que é para mim?” Foi exatamente o que aconteceu comigo quando Tapestry apareceu na prateleira da minha loja favorita. À primeira vista, os componentes me encantaram – aqueles marcos 3D pintados são, sem dúvida, um espetáculo. Mas então veio a pergunta: “Será que ele entrega toda essa grandiosidade na mesa?”

A expectativa era alta. Um jogo sobre civilizações, prometendo te levar da pré-história ao futuro, com decisões estratégicas e rejogabilidade infinita? Como resistir? Mas, ao mesmo tempo, algo me dizia para não criar muitas expectativas. Afinal, já experimentei outros jogos que prometem mundos e fundos, mas acabam ficando na sombra de gigantes como Through the Ages ou Sid Meier’s Civilization.

E foi aí que Tapestry me surpreendeu. Não porque ele entregou exatamente o que eu imaginava, mas porque me ofereceu algo totalmente diferente. Ele não é o jogo de civilização que você espera, mas talvez seja o jogo de civilização que você precisa. Prepare-se, porque vou te contar tudo – o que amei, o que nem tanto, e se ele merece espaço na sua mesa.

O Que é Tapestry? Um Mergulho na Mecânica e na Magia

Imagine um jogo de tabuleiro que te desafia a contar a história da sua própria civilização, mas com um twist: em vez de batalhas épicas ou expansões territoriais gigantescas, o foco está em como você gerencia recursos e avança em trilhas estratégicas. Isso é Tapestry. Mas não se engane – o jogo vai além de uma simples corrida por pontos. Ele é um convite a experimentar, adaptar e, acima de tudo, planejar.

A Base do Jogo

Tapestry é estruturado em 5 eras. Cada jogador começa com uma civilização única (como Cientistas ou Comerciantes), que oferece habilidades assimétricas. Durante as eras, você faz turnos que consistem basicamente em duas opções:

1. Avançar em uma das quatro trilhas principais: Tecnologia, Exploração, Militar ou Ciência.
2. Realizar um turno de renda, que marca o avanço para a próxima era e redefine seus recursos disponíveis.

Essas escolhas são mais estratégicas do que parecem. Avançar em uma trilha pode desbloquear habilidades e bônus poderosos, mas os recursos são limitados. Cada passo exige planejamento e uma boa dose de priorização.

Por que as Trilhas Importam?

Cada trilha é como uma “personalidade” da sua civilização. A trilha de tecnologia te dá acesso a invenções e progressos, enquanto a trilha militar te permite conquistar territórios no mapa central. Já a trilha de exploração revela novas áreas do mapa, e a trilha de ciência te ajuda a progredir em outras áreas com menos custo – embora com um toque de sorte. Você nunca conseguirá dominar todas, e essa limitação é um dos grandes charmes de Tapestry.

A Grande Abstração

Aqui vai o aviso: Tapestry não é uma simulação de civilização. Você pode descobrir viagens interplanetárias antes mesmo de inventar a escrita, ou ser um mestre da tecnologia sem jamais desenvolver medicina. Isso incomodou algumas pessoas, mas para mim, foi um alívio. Ao abraçar a abstração, o jogo se torna um quebra-cabeça elegante, sem se prender a regras históricas.

A Jornada de Cada Jogador

Enquanto avançamos nas trilhas, construímos histórias únicas. Lembro-me de uma partida onde minha civilização era obcecada por tecnologia. Consegui avançar rapidamente nessa trilha, desbloqueando inovações que garantiram pontos preciosos. Mas, na última era, percebi que havia negligenciado minha capital. O que parecia uma vitória garantida se transformou em um desafio de última hora, tentando compensar minha falta de planejamento inicial.

Essa tensão entre estratégia de longo prazo e decisões imediatas é o que torna Tapestry tão cativante. Não importa o quão bem você planeje, o jogo sempre encontra uma maneira de te fazer repensar suas escolhas.

Arte e Componentes: Um Espetáculo à Parte

Se existe um jogo que parece ter saído de uma galeria de arte, esse jogo é Tapestry. Assim que você abre a caixa, é impossível não se encantar com os marcos tridimensionais pintados, as cartas detalhadas e os tabuleiros elegantemente desenhados.

Os Marcos de Civilização

Os marcos 3D são o ponto alto da produção. Cada um representa um marco histórico – como uma estação espacial ou um castelo medieval – e é atribuído ao primeiro jogador que alcançar certos objetivos nas trilhas. Eles têm um papel funcional: ocupar espaços no seu tabuleiro de capital, o que te ajuda a pontuar. Mas, sejamos honestos, eles estão ali principalmente para brilhar na mesa.

As Cartas e Tabuleiros

Outro ponto forte é a arte das cartas de tapeçaria e tecnologia. Andrew Bosley fez um trabalho incrível ao capturar a essência de cada era e invenção, desde as mais simples até as futuristas. O design gráfico também merece destaque: as informações são claras, e os ícones são fáceis de interpretar, mesmo para quem está jogando pela primeira vez.

Os Tabuleiros de Capital

Cada jogador tem seu próprio tabuleiro de capital, onde posiciona edifícios menores e marcos. Completar linhas e colunas nesse tabuleiro é crucial para pontuar, mas os padrões de terreno variam, tornando o desafio ainda mais interessante. É aqui que o visual e a mecânica se encontram de forma harmoniosa.

O Veredito: Tapestry é para Você?

Depois de tantas partidas, posso dizer com confiança: Tapestry não é para todo mundo, mas é uma experiência única para quem gosta de estratégia e planejamento. Ele brilha como um eurogame de otimização, oferecendo um quebra-cabeça estratégico que recompensa o jogador atento.

Se você procura um jogo que “simule” uma civilização, talvez fique desapontado. Mas se está aberto a algo novo – onde a história da sua civilização é contada de maneira abstrata e focada no estratégico –, então Tapestry pode ser a escolha certa.

Pontos Positivos

• Produção impecável com arte incrível e componentes premium.
• Rejogabilidade garantida com civilizações assimétricas e trilhas variáveis.
• Ótimo para jogadores que gostam de planejar e otimizar.

Pontos Negativos

• Tema abstrato pode não agradar a todos.
• Problemas de balanceamento em civilizações assimétricas (parcialmente corrigidos por patches e expansões).
• Interação limitada entre jogadores.

Conclusão: Tapestry Vale o Investimento?

Para mim, Tapestry é um jogo que merece um lugar na prateleira, especialmente se você valoriza componentes bonitos e uma experiência de jogo que mistura estratégia e elegância. Ele é diferente de outros jogos de civilização – e isso é um ponto forte, desde que você entre na partida com a mentalidade certa.

E agora? Está pronto para tecer sua própria tapeçaria de conquistas? Se a resposta for sim, Tapestry pode ser a peça que faltava na sua coleção.

Pedro Henrique Schunz

Olá, eu sou Pedro Henrique Schunz e tenho uma profunda conexão com os jogos de tabuleiro. Desde nossos primeiros encontros com clássicos familiares até as noites emocionantes de partidas estratégicas com amigos, cada dado lançado e cada carta virada moldaram nossa experiência única. Crescemos com os jogos, aprendemos com eles e, ao longo do caminho, construímos memórias inesquecíveis.