Tem jogo que você abre, joga, dá risada e pronto: vira parte do seu repertório. Mas tem outros que surpreendem de um jeito diferente — não só pela mecânica ou diversão, mas pela história que carregam. Foi exatamente assim com King Fridge.
Sabe aquele tipo de jogo que parece simples à primeira vista, mas tem tanto carinho por trás que você sente quase como se estivesse conversando com os criadores enquanto joga? Foi isso que senti quando joguei King Fridge pela primeira vez. E olha que já joguei de tudo — desde Codenames em família até Through the Ages com planilha no colo.
O que começou como um rabisco num post-it durante uma trilha nas montanhas virou um jogo publicado, com financiamento coletivo bem-sucedido, tiragens esgotadas e jogadores em lugares tão distintos quanto Coreia do Sul e Brasil. Quatro amigos — estudantes, sem experiência no mercado — conseguiram não só criar um jogo funcional, mas divertido, acessível e, principalmente, com personalidade.
Neste review completo, vou te contar como funciona esse caótico jogo de geladeira, por que ele merece seu espaço na estante (principalmente se você joga com família e amigos) e o que aprendi ao conversar com um dos criadores no podcast da Speloptafel.
A Origem de King Fridge: De um post-it nas montanhas ao mundo
Toda grande criação tem uma boa história — e King Fridge tem uma das mais genuínas que já ouvi no mundo dos jogos de tabuleiro.
Tudo começou durante umas férias de trilha. Imagine: quatro amigos, mochilas nas costas, noites regadas a cerveja e partidas de carta com baralho comum. Em algum momento, a namorada de um deles trouxe um post-it com regras improvisadas, inspiradas em Beaver Gang. Era uma ideia divertida, com potencial. O grupo começou a ajustar, testar e — como acontece nas melhores ideias — alguém disse: “devíamos publicar isso”.
Foi aí que Sjoerd, Dennis, Koen e Niels, quatro estudantes holandeses, decidiram encarar o desafio de transformar aquele rabisco em um jogo real. E fizeram tudo na raça: design, logística, site, reuniões semanais online entre Delft, Nijmegen, Roterdã e até a Suíça.
Entre consultas com editoras (como a Jolly Dutch) e decisões difíceis, eles optaram por manter o jogo sob total controle próprio. O Kickstarter veio na sequência, e com 10 mil euros arrecadados, a produção do jogo foi garantida. A edição holandesa já teve duas tiragens esgotadas e hoje o jogo circula por mais de 10 países. E tudo isso com zero investimento externo e muito amor envolvido.
É o tipo de jornada que me lembra por que eu amo esse hobby: ele é feito por pessoas, histórias e paixões — não só por mecânicas e ilustrações bonitas.

Como se joga King Fridge: Caos gelado com toques de estratégia
A premissa de King Fridge é simples, mas esconde um dinamismo que pega muita gente de surpresa. Aqui, você não vai gerenciar impérios ou terraformar planetas — vai tentar manter sua geladeira em ordem… enquanto lida com suas alergias alimentares!
Cada jogador começa com quatro cartas viradas para baixo, representando itens na sua geladeira. O objetivo? Terminar o jogo com os itens de menor valor possível — exceto os que causam alergia, claro. Porque sim, cada jogador tem uma alergia secreta que pontua negativamente caso esteja presente ao final.
Na sua vez, você pode sacar uma carta da pilha central, revelar uma ação ou decidir trocar um dos seus itens. E aqui começa o caos: as cartas têm ações que permitem olhar a geladeira do adversário, descartar cartas ou até bagunçar completamente a ordem do jogo.
E tem mais: se alguém joga uma carta de ação de valor “3”, por exemplo, e outro jogador tiver um “3” na geladeira, essa carta pode ser colocada em cima da ação. Resultado: a carta “3” da geladeira vai pro descarte, e o jogador fica com uma carta a menos — o que é ótimo no jogo, já que menos cartas = menos pontos.
A mecânica lembra Beaver Gang com uma pitada de Exploding Kittens, mas com mais personalidade e interação direta. A cada rodada, risadas e caos são garantidos. A tensão de não saber o que tem na sua própria geladeira é deliciosa, especialmente com crianças — e funciona incrivelmente bem com adultos também.
A cereja do bolo é o toque das alergias: uma mecânica simples, mas brilhante, inspirada nas alergias reais dos próprios criadores. É um detalhe que não só adiciona estratégia, mas humaniza ainda mais o jogo.
King Fridge é para você?
Se você busca um jogo de cartas rápido, interativo, cheio de momentos memoráveis e com uma bela história por trás, a resposta é um sonoro sim.
King Fridge não tenta reinventar a roda, mas brilha ao fazer o básico muito bem feito. Ele é acessível (7+ anos), rápido (20–30 minutos), funciona em 2 até 6 jogadores, e tem aquele fator “vamos jogar mais uma?” que todo bom filler precisa ter. Ideal para abrir ou fechar uma noite de jogos, ou até para levar em viagens, encontros e festas.
É um daqueles jogos que crescem com quem está na mesa. Com crianças, vira um caos inocente e hilário. Com adultos, entra em cena o blefe, a leitura de jogo e a trollagem estratégica. Em ambos os casos, diversão garantida.
Mais do que isso: King Fridge é uma lição de como boas ideias, com paixão e dedicação, podem ganhar o mundo. Ver quatro estudantes transformarem uma brincadeira em um produto publicado, com reconhecimento internacional, é inspirador — e me fez olhar com outros olhos até para minha própria geladeira.
Seja você um colecionador, um jogador casual ou um curioso em busca de algo novo, vale dar uma chance para esse jogo despretensioso, criativo e — por que não? — saboroso.
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Olá, eu sou Pedro Henrique Schunz e tenho uma profunda conexão com os jogos de tabuleiro. Desde nossos primeiros encontros com clássicos familiares até as noites emocionantes de partidas estratégicas com amigos, cada dado lançado e cada carta virada moldaram nossa experiência única. Crescemos com os jogos, aprendemos com eles e, ao longo do caminho, construímos memórias inesquecíveis.