Eu achava que já tinha visto de tudo no mundo dos euros pesados. Depois de incontáveis partidas de Lorenzo il Magnifico, Grand Austria Hotel e outros clássicos dos designers Virginio Gigli, Flaminia Brasini e Simone Luciani, pensei: “Ok, mais um euro estratégico, sei exatamente o que esperar.”
Mas Golem não foi apenas mais um jogo na estante. Ele me desafiou de formas que eu não esperava. E olha que já passei noites e mais noites tentando quebrar jogos complexos. Quando sentei para a primeira partida, fui com aquela confiança de veterano. Mas bastaram algumas rodadas para perceber que eu estava completamente enganado.
A surpresa veio em ondas: primeiro, a sensação de que cada decisão importa absurdamente. Depois, a constatação de que planejar a longo prazo aqui é essencial, mas sempre adaptável. E, por fim, o impacto de ver minha estratégia desmoronar porque subestimei a complexidade dos Golems vagando pelo tabuleiro.
Se você curte euros pesados, com mecânicas intrincadas, combos absurdos e decisões de suar a testa, Golem tem tudo para te conquistar. Mas antes de decidir se esse jogo merece um espaço na sua coleção, vamos mergulhar nos detalhes.
O que é Golem? História, Tema e Objetivo do Jogo
Se você curte jogos de tabuleiro temáticos, provavelmente já ouviu falar da lenda do Golem de Praga. A história vem do século XVI, quando o Rabino Löw teria moldado uma criatura de barro e lhe dado vida através de rituais místicos para proteger a comunidade judaica. Em Golem, essa lenda serve de pano de fundo para um eurogame de alta complexidade onde você cria e gerencia essas criaturas poderosas… e incontroláveis.
Na prática, porém, Golem é um jogo onde o tema é apenas uma casca fina para esconder um monstro matemático. Aqui, você precisa administrar recursos, desenvolver tecnologias, treinar estudantes e controlar os Golems para maximizar seus pontos. Como qualquer euro pesado que se preze, o verdadeiro objetivo do jogo não é “contar uma história”, mas sim otimizar seu motor de pontos com decisões estratégicas apertadas.
Você terá apenas 12 ações no jogo inteiro – e é aqui que Golem mostra sua verdadeira face. Cada escolha precisa ser pensada com extremo cuidado, porque cada ação pode desencadear combos brutais e criar oportunidades únicas. E, se você jogar errado, pode acabar assistindo seus Golems descontrolados drenando seus recursos enquanto seus oponentes disparam na pontuação.
Mecânicas e Como o Jogo Funciona
Se você já jogou Grand Austria Hotel ou Lorenzo il Magnifico, algumas mecânicas de Golem vão soar familiares. Mas não se engane: aqui, tudo é mais intenso.
O jogo é dividido em quatro rodadas, e cada jogador terá três ações por rodada – uma com seu Rabino e duas escolhendo bolinhas de uma torre chamada “Sinagoga”.
1. Seleção de Ações com Bolinhas de Gude
Ao invés de dados, Golem usa um sistema engenhoso com bolinhas de gude coloridas. No início de cada rodada, essas bolinhas são jogadas na Sinagoga e se espalham em cinco trilhos, cada um associado a uma ação diferente. Quando você escolhe uma bolinha, além de realizar a ação correspondente, a quantidade de bolinhas naquele trilho define a força da sua ação.
Isso cria um dilema constante: “Pego logo aquela bolinha para garantir minha ação ou espero um pouco para ver se melhores oportunidades surgem?”
2. Golems: Poderosos, mas Difíceis de Controlar
Os Golems são a chave para algumas das estratégias mais poderosas do jogo, mas também representam um grande risco. Eles se movem sozinhos pelas ruas da cidade e, se você não tiver estudantes acompanhando-os de perto, terá que pagar caro para mantê-los sob controle.
Se bem administrados, seus Golems podem realizar ações lucrativas e destravar multiplicadores poderosos. Mas se você deixá-los soltos demais, eles vão te arruinar.
3. Três Caminhos para a Vitória
A grande sacada de Golem é que há três formas principais de pontuar, cada uma baseada em um dos três trilhos do seu tabuleiro pessoal:
- Livros – Melhorando seu conhecimento, você desbloqueia habilidades e pontuações progressivas.
- Artefatos – Criando relíquias e itens mágicos, você pode construir combos e melhorar suas ações.
- Golems – Quanto mais Golems você controlar (e souber administrar), mais forte será seu motor de jogo.
Cada caminho tem sua própria curva de aprendizado e desafios, e a chave para a vitória é entender qual estratégia encaixa melhor em cada partida.

O Que Eu Achei de Golem? Vale a Pena?
Depois de algumas partidas intensas, posso dizer que Golem é um jogo brilhante… mas não para todo mundo. Se você curte euros extremamente complexos, onde cada turno exige cálculo minucioso e planejamento detalhado, esse jogo pode facilmente se tornar um dos seus favoritos. Mas se você prefere algo mais direto ou detesta análise-paralisia, talvez seja melhor procurar outro título.
O Que Eu Amei em Golem:
✅ Decisões estratégicas densas – Com apenas 12 ações no jogo inteiro, cada escolha precisa ser cirúrgica.
✅ Sistema de bolinhas de gude – Parece gimmick, mas funciona muito bem e adiciona um toque de imprevisibilidade interessante.
✅ Combos insanos – Quando você acerta uma jogada, consegue encadear até 6-7 ações em sequência. A sensação de recompensa é incrível.
✅ Rejogabilidade alta – As ações mudam a cada partida, forçando novas abordagens e estratégias.
O Que Me Incomodou:
❌ Regra do “skip” confusa – Até agora, ainda acho essa mecânica meio desnecessária.
❌ Setup demorado – Preparar o jogo leva um tempo considerável.
❌ Componentes superdimensionados – O tabuleiro é enorme e ocupa muito espaço na mesa.
Então, Golem é para Você?
Se você gosta de jogos como Lacerda ou Brass: Birmingham, Golem tem boas chances de ser um novo favorito na sua coleção. Mas se você procura algo mais acessível e dinâmico, talvez seja melhor investir em um euro mais leve.
Conclusão – Golem é um Monstro, no Melhor e no Pior Sentido
No final das contas, Golem entrega exatamente o que promete: um eurogame denso, complexo e cheio de interações mecânicas brilhantes. Ele exige tempo, dedicação e um gosto por desafios estratégicos pesados. Não é um jogo para qualquer mesa, mas, se você gosta desse estilo, vale muito a pena experimentar.
Agora me conta: você já jogou Golem? O que achou da experiência? Vamos discutir nos comentários!
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Olá, eu sou Pedro Henrique Schunz e tenho uma profunda conexão com os jogos de tabuleiro. Desde nossos primeiros encontros com clássicos familiares até as noites emocionantes de partidas estratégicas com amigos, cada dado lançado e cada carta virada moldaram nossa experiência única. Crescemos com os jogos, aprendemos com eles e, ao longo do caminho, construímos memórias inesquecíveis.