Se você está lendo isso, é bem provável que City of Six Moons tenha chamado sua atenção pelo mistério em torno de suas regras. O conceito deste jogo é revolucionário: não existem regras claras, e o designer se recusa a dar qualquer explicação. O jogador, ou explorador, precisa decifrar o jogo sozinho, mergulhando de cabeça no enigma que é apresentado. Como alguém que já passou horas tentando entender esse quebra-cabeça alienígena, estou aqui para compartilhar minhas reflexões, frustrações e, claro, possíveis interpretações sobre como jogar City of Six Moons.
Essa jornada não é simples, mas é incrivelmente recompensadora para quem gosta de um bom desafio. Para guiar você nesse processo, vou dividir a análise em três aspectos principais: a abordagem temática, a interpretação linguística e a lógica do sistema de regras. Vamos entrar nesse quebra-cabeça enigmático!
A Premissa de City of Six Moons
Se você ainda não está familiarizado com a premissa, vou te situar. O jogo foi “descoberto” por uma raça alienígena e, teoricamente, você está no papel de um observador tentando entender essa cultura através de seu jogo ancestral. As regras do jogo estão espalhadas por sete páginas misteriosas, sem qualquer texto reconhecível. O objetivo? Entender e jogar o jogo, sem nenhuma ajuda além das pistas contidas no próprio material.
Esse é o tipo de conceito que me fascina. A ideia de um jogo que não te dá respostas prontas, onde o “como jogar” é, na verdade, o verdadeiro desafio, me lembra um quebra-cabeça em camadas. Como designer de jogos amador nas horas vagas, vejo esse projeto como um experimento social — um jogo de interpretações, onde cada jogador pode acabar jogando de forma ligeiramente diferente. De fato, nem todas as cópias do jogo são iguais! Cada conjunto é uma peça única do enigma.
Mas então, por onde começar? Como você, iniciante ou veterano, vai começar a desvendar o City of Six Moons?
Abordagem Temática
Quando comecei a decifrar o jogo, meu primeiro instinto foi mergulhar no tema. City of Six Moons tem uma premissa de ficção científica bem forte, então é lógico supor que o jogo esteja de alguma forma atrelado à ideia de exploração ou descoberta. A caixa sugere um observador estrangeiro, que encontrou e transcreveu as regras originais.
Aqui, você precisa adotar a mentalidade de um explorador arqueológico, como se estivesse escavando os mistérios de uma civilização antiga. Esse é um jogo onde a estética e a narrativa ajudam a construir o caminho. Você deve fazer perguntas como: O que as seis luas representam? Elas poderiam ser fases de jogo? Etapas da descoberta?
Eu comecei a explorar tematicamente, usando a própria história como guia. Pensei nas seis luas como “fases” ou “elementos” que precisavam ser equilibrados ou explorados. Isso me levou a prestar atenção em símbolos, formas e padrões que pudessem representar interações entre esses elementos.
Interpretação Linguística
Agora, se o tema é uma lanterna no escuro, a parte linguística é um verdadeiro labirinto. Como não falo “alienígena antigo” (quem fala, né?), me vi preso tentando decodificar símbolos, formas e sinais que se repetiam nas regras. Os textos, ou melhor, os sinais gráficos do jogo, parecem aleatórios à primeira vista, mas com o tempo você começa a perceber padrões sutis.
A regra aqui é: não despreze nenhuma pista. Mesmo que você não entenda o significado de um símbolo logo de cara, anote. Compare com outros trechos do “manual” ou do tabuleiro. Muitas vezes, símbolos repetidos podem indicar uma ação que deve ser tomada ou uma condição específica a ser cumprida.
Dica: uma boa estratégia é dividir os símbolos em categorias. O que se repete? O que parece estar relacionado a ações específicas? Minha hipótese é que cada grupo de símbolos ou formas abstratas está relacionado a “comandos” no jogo, como mover peças, alocar recursos ou realizar ações específicas. No começo, parece um bicho de sete cabeças, mas com paciência e foco, você vai começar a encontrar sua própria lógica jogando City of Six Moons.
O Sistema de Regras (ou a Falta Delas)
Agora vem a parte mais desafiadora. Você já tem alguma noção do tema e talvez alguns padrões linguísticos, mas e quanto às regras? Bem, essa é a grande sacada de City of Six Moons: não existe um livro de regras tradicional. Em vez disso, você deve criar uma interpretação que faça sentido para você. O problema é: como saber se a interpretação está certa?
Aqui, eu sugiro um equilíbrio entre lógica e tentativa e erro. Comece com o básico: imagine que você está jogando um jogo de tabuleiro tradicional. O que faria sentido nesse contexto? Existem peças, tabuleiros e símbolos — com base no que já conhecemos de jogos, você pode começar a testar interações. Talvez um conjunto de símbolos indique uma ação de combate; outro, um tipo de movimento.
Eu passei por muitas tentativas frustrantes, especialmente porque o jogo tende a usar terminologias diferentes para coisas que, aparentemente, têm o mesmo significado — ou o oposto, onde um termo pode significar coisas completamente diferentes dependendo do contexto.
Uma coisa que funcionou para mim foi manter um “diário de jogo”, onde anotava cada nova hipótese e como ela afetava o andamento do jogo. É algo que recomendo fortemente. Através desse processo, você pode, aos poucos, começar a desenvolver um sistema de regras que faça sentido. E lembre-se: se isso está funcionando para você, é porque é uma regra válida.
O Enigma Nunca Termina
No final das contas, City of Six Moons é menos sobre ganhar ou perder, e mais sobre a jornada de decifrar suas mecânicas e construir uma lógica pessoal para jogá-lo. Mesmo que você sinta que ainda não chegou ao “jogo perfeito”, isso faz parte da diversão. O mistério é um dos grandes charmes aqui.
Se você se sente frustrado, lembre-se: o designer criou o jogo para que você se desafie. Parte do objetivo é não saber se está jogando da maneira “correta”, mas sim se divertir no processo de descobrir o que é “correto” para você.
Boa sorte, explorador das luas!
Considerações Finais
Ao mergulhar em City of Six Moons, lembre-se de que este não é um jogo convencional. Ele exige paciência, intuição e, acima de tudo, criatividade. Não tenha medo de errar; o erro aqui faz parte do aprendizado. E quem sabe, sua interpretação pode ser a mais próxima da verdade — ou talvez ela seja única, só sua. Afinal, é isso que torna esse jogo um enigma fascinante.
Agora, se me dá licença, preciso voltar para minha própria versão do jogo. Aquelas luas não vão se alinhar sozinhas!
Olá, eu sou Pedro Henrique Schunz e tenho uma profunda conexão com os jogos de tabuleiro. Desde nossos primeiros encontros com clássicos familiares até as noites emocionantes de partidas estratégicas com amigos, cada dado lançado e cada carta virada moldaram nossa experiência única. Crescemos com os jogos, aprendemos com eles e, ao longo do caminho, construímos memórias inesquecíveis.