Se você, assim como eu, é apaixonado pelos grandes eurogames da Board & Dice, provavelmente já perdeu boas horas da vida (felizmente) imerso em jogos como Teotihuacan, Tzolk’in e Tekhenu. Esses títulos não são apenas pesados; eles têm aquela mistura certeira de elegância mecânica, desafio cerebral e uma pitada de caos calculado. Então, quando ouvi que Daniele Tascini — o cérebro por trás de boa parte da série — estava lançando um novo capítulo (Tianxia), minha expectativa disparou. Mas, sinceramente, eu esperava mais do mesmo. Um novo puzzle, um novo tabuleiro bonito, e pronto.
Foi aí que veio a surpresa: Tianxia não é apenas mais um jogo da série T. Ele parece disposto a expandir as fronteiras — literalmente.
Situado na China de 260 a.C., Tianxia te coloca no papel de líderes nobres tentando equilibrar poder, comércio, política e defesa territorial. E o detalhe que mais me intrigou? Uma mecânica semi-cooperativa em que os jogadores precisam se unir para construir uma muralha e manter os nômades afastados. Ou seja, além de competir por pontos, você também precisa garantir que o grupo não sucumba às invasões. Um euro tenso, estratégico e com uma camada coletiva inesperada.
Neste artigo, vou te mostrar por que Tianxia pode ser o lançamento mais ambicioso da série T — e por que ele já está no topo da minha lista de jogos mais aguardados de 2025.
Uma Viagem ao Coração do Império Chinês: Tema Forte, Conflito e Cooperação
Uma das marcas registradas da série T é o cuidado com a ambientação histórica. E com Tianxia, a Board & Dice parece ter elevado esse compromisso a outro nível. O jogo nos transporta para o turbulento cenário da China antiga, onde líderes de famílias nobres disputam influência ao mesmo tempo em que enfrentam uma ameaça constante e coletiva: os nômades que pressionam as fronteiras do império.
Aqui, o tabuleiro não é apenas um espaço de otimização — é um campo de tensão contínua. Você pode mobilizar governadores para influenciar regiões, alocar trabalhadores em navios fluviais para impulsionar o comércio e avançar nas trilhas do palácio em busca de recompensas valiosas. Até aí, tudo o que esperamos de um bom euro: várias opções, múltiplos caminhos para a vitória.
Mas eis o tempero inusitado: se você ignorar a defesa do território, os nômades entram em ação e penalizam todos. E isso muda tudo. Em uma típica partida de euro, você foca na sua estratégia e ignora o que o outro está fazendo — mas em Tianxia, esse isolamento pode ser fatal. Se um jogador descuida da defesa, o grupo inteiro sofre. Isso adiciona uma camada de diplomacia, análise da mesa e até blefe, o que é raro nesse estilo de jogo.
É uma dinâmica que me lembra um pouco CO2: Second Chance, onde você precisa colaborar para evitar o colapso ambiental, mesmo competindo pelos pontos. A diferença aqui é a tensão militar, que dá um ar de urgência e imprevisibilidade ao avanço dos nômades.
E essa tensão promete ser real. Durante o anúncio especial feito pela Dice Tower, foi revelado que os nômades não são um mero obstáculo decorativo. Eles têm força, presença e impacto direto nas decisões dos jogadores. Não dá pra ignorar.
Esse tipo de design — onde o tabuleiro “reage” aos jogadores — tem tudo para transformar Tianxia em um título memorável. Especialmente porque Daniele Tascini não está sozinho: Antonio Petrelli (de Anunnaki e Darwin’s Journey) assina o design com ele, o que só aumenta a expectativa.
Um Legado de Gigantes: A Responsabilidade e o Potencial de Tianxia
Vamos ser sinceros: entrar para a série T não é tarefa para qualquer jogo. Estamos falando de uma linhagem que inclui alguns dos eurogames mais respeitados da última década. Teotihuacan redefiniu alocação de dados. Tzolk’in ainda é referência quando o assunto é uso de rondel e planejamento de longo prazo. Tekhenu e Tiletum mantiveram a barra lá em cima com mecânicas inovadoras e temas bem aplicados.
Nesse contexto, Tianxia já nasce com o peso da comparação — mas ao que tudo indica, ele não apenas honra esse legado, como tenta romper com algumas tradições.
A primeira diferença gritante está no foco compartilhado na defesa. Enquanto a maioria dos jogos da série é puramente competitiva, aqui a cooperação pontual é essencial. E essa escolha, embora arriscada, me parece acertada. Ela traz frescor para uma série que já poderia estar começando a se repetir — o que, felizmente, não é o caso.
Outro ponto interessante é a ambientação. A China de 260 a.C. é um prato cheio para decisões políticas, disputas por influência e grandes construções (oi, Muralha!). Não se trata apenas de uma “skin” histórica — há uma forte integração entre tema e mecânica, como a alocação de soldados para defender as fronteiras e o uso estratégico do rio como eixo de mobilidade e comércio.
E ainda nem falamos dos trilhos do palácio, que prometem aquele clássico dilema: vale mais subir para recompensas imediatas ou manter o foco na defesa e evitar prejuízos futuros?
Daniele Tascini, conhecido pelo seu estilo cerebral, e Antonio Petrelli, com sua pegada tática refinada, parecem ter encontrado aqui um ponto de equilíbrio entre o que já conhecemos e o que ainda queremos explorar.
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Olá, eu sou Pedro Henrique Schunz e tenho uma profunda conexão com os jogos de tabuleiro. Desde nossos primeiros encontros com clássicos familiares até as noites emocionantes de partidas estratégicas com amigos, cada dado lançado e cada carta virada moldaram nossa experiência única. Crescemos com os jogos, aprendemos com eles e, ao longo do caminho, construímos memórias inesquecíveis.