Quando ouvi falar de Quorum pela primeira vez, confesso: achei que ia ser “só mais um filler”. Um jogo rápido, com arte bonitinha e algumas mecânicas genéricas de compra e colocação de cartas. Afinal, como inovar num terreno já bem explorado por clássicos como 7 Wonders, Splendor e Jaipur?
Mas a surpresa veio logo na primeira partida. Em vez de um simples passatempo, me vi diante de um jogo com camadas táticas inesperadas, decisões apertadas a cada rodada, e uma sensação de “se eu tivesse jogado diferente naquela rodada…” que me perseguiu por dias. Como um bom amante de jogos de tabuleiro com anos de estrada (já perdi as contas de quantas resenhas, partidas épicas e noites em claro analisando setups e mecânicas), posso dizer com segurança: Quorum é uma caixinha pequena com potencial de clássico moderno.
Ao longo desse review, vou te contar como esse jogo me conquistou. Vou mergulhar nas mecânicas, mostrar os pontos fortes (e as arestas que ainda poderiam ser polidas), dar dicas para quem está começando e também para quem já quer entrar no Senado Romano metendo os dois pés no mapa político do império. Prepare sua toga e seu melhor discurso de senador — vem comigo descobrir se Quorum merece um espaço na sua estante.
Como funciona Quorum? Simples por fora, cerebral por dentro
À primeira vista, Quorum parece fácil de dominar: são apenas 12 rodadas, uma carta draftada do mercado, uma carta jogada na sua mesa, e pronto. Mas logo fica claro que o desafio real está em como combinar suas ações com inteligência, otimizando cada uma das 12 jogadas para extrair o máximo de pontos — tanto no tabuleiro quanto nas cartas que você coleciona.
O jogo se passa em meio ao Senado Romano. Cada jogador assume o papel de um senador influente tentando manipular as províncias do império para se tornar o mais poderoso entre seus pares. As províncias são representadas por trilhas de influência, que aumentam (ou diminuem) de valor ao longo da partida, dependendo de como os jogadores interagem com elas.
O pulo do gato está nas cartas de deuses, que entram em cena de forma única: ao serem compradas, são jogadas imediatamente e não podem ser descartadas. Elas oferecem vantagens momentâneas — como aumentar sua posição em uma trilha ou alterar o valor de uma província — mas ocupam espaço na mão, limitando sua flexibilidade futura. Ou seja, o jogador precisa equilibrar risco e recompensa a cada turno.
E aqui vai uma curiosidade que aprendi jogando com grupos diferentes: é comum que novatos se empolguem com os efeitos dos deuses, mas acabem se atrapalhando com a mão travada nas rodadas finais. Por outro lado, veteranos já se planejam desde cedo, antecipando os impactos dessas cartas no jogo longo.
A pontuação é dividida em dois sistemas principais: as províncias, que recompensam quem lidera nas trilhas com multiplicadores baseados em tipos de carta; e o set collection das cartas jogadas, que premia combinações específicas (e que mudam de acordo com os tipos de carta coletados). Parece simples, mas é aqui que a magia acontece: não dá pra abraçar tudo. Você precisa fazer escolhas e aceitar que, às vezes, o timing é mais importante do que a quantidade.
A arte da influência: pontos fortes (e frustrações) de Quorum
Jogar Quorum é como participar de um debate político acirrado: cada movimento importa, e você nunca tem todas as informações. Isso torna o jogo tenso — no bom sentido — mas também traz algumas frustrações estratégicas, especialmente para jogadores mais experientes.
Vamos começar pelos pontos positivos. O ritmo do jogo é excelente. As partidas duram cerca de 20 a 30 minutos e quase não têm tempo ocioso. Como cada rodada tem uma estrutura fixa (pega uma carta, joga uma carta), o jogo flui bem mesmo com quatro jogadores na mesa. E isso, pra mim, é um baita diferencial em jogos modernos: ser ágil sem ser superficial.
A arte da Bea Tormo é outro destaque. Com um traço leve e divertido, ela consegue transmitir o clima de sátira política sem cair no exagero. É aquele tipo de produção gráfica que chama atenção na prateleira e arranca sorrisos de quem joga — mesmo nas disputas mais acirradas.
Mas nem tudo são rosas na Roma antiga. Um dos principais desafios de Quorum é a sensação de aleatoriedade na hora da compra das cartas. Como o mercado muda constantemente e você só pode segurar até quatro cartas na mão, nem sempre dá pra seguir a estratégia que você queria desde o início. Em várias partidas, vi jogadores experientes comentarem: “parece que quem joga de forma caótica, às vezes, se sai melhor”.
Além disso, o sistema de pontuação — especialmente das trilhas de província — pode ser difícil de acompanhar. São seis trilhas diferentes, cada uma associada a tipos específicos de carta, e o cálculo envolve multiplicações, penalidades e ajustes. Pra quem joga pela primeira vez, pode parecer complicado demais. Minha dica aqui: não tente dominar todas as trilhas — foque em duas e vá fundo nelas.

Dicas para jogar bem Quorum (e não ser apenas mais um senador perdido no Senado)
Se tem uma coisa que o tempo me ensinou nesse mundo dos jogos de tabuleiro é que, por mais simples que um jogo pareça, sempre existe um jeitinho certo de jogar melhor. E com Quorum, essa máxima se aplica com força. Aqui vão algumas dicas de quem já rodou boas sessões com diferentes perfis de jogadores — desde iniciantes até os estrategistas raiz que fazem planilhas de tracking.
1. Menos é mais: escolha duas trilhas e abrace-as com amor
No calor da partida, é tentador querer avançar em todas as trilhas de província e colecionar todos os tipos de carta. Mas Quorum pune quem tenta abraçar o mundo. O segredo está em focar em duas trilhas de influência que combinem com os tipos de carta que você consegue pegar com mais facilidade. Isso te dá multiplicadores mais altos e reduz as chances de pontuar negativo no final.
2. Não subestime os deuses — mas respeite-os
As cartas de deus são uma faca de dois gumes. Elas podem te dar aquela empurrada estratégica, especialmente se você usá-las no momento certo (tipo virar o jogo numa trilha que você estava perdendo por pouco). Mas lembre-se: elas vão ocupar um slot na sua mão até o fim da partida, então pense bem antes de pegar uma só porque parecia “fortinha”. Muitas vezes, elas atrapalham mais do que ajudam.
3. Olho no mercado Sempre
Sim, você está focado no seu joguinho ali, montando seu set de agricultura com um sorriso no rosto. Mas, de repente, seu adversário pega a carta que você precisava — e pronto, lá se vai sua estratégia. A dica é: sempre preste atenção no que os outros jogadores estão colecionando. Isso pode te ajudar a bloquear jogadas chave ou até escolher cartas que pareçam fracas só pra impedir um combo adversário.
4. Timing é tudo
Talvez essa seja a dica mais valiosa: nem sempre a melhor carta é a melhor jogada naquele momento. Já tive partidas em que uma carta incrível ficou na minha mão até o fim e não serviu pra nada. Saber o momento certo de jogar, sacrificar ou até deixar passar uma carta faz toda a diferença no resultado final. Isso só vem com prática, mas vale ficar de olho desde a primeira partida.
5. Tenha um plano B (e até C)
Como o mercado é imprevisível, flexibilidade é vital em Quorum. É claro que é bom entrar no jogo com uma ideia clara do que você quer colecionar ou qual trilha vai tentar dominar, mas sempre esteja preparado pra mudar de rota se as cartas não cooperarem. Adaptar-se melhor que os outros pode ser o que te coloca no topo da pontuação.
Vale a pena ter Quorum na coleção?
A pergunta de ouro: Quorum merece um lugar na sua estante de jogos? E a resposta, com base em várias partidas, análises e comparações com títulos similares é: depende do que você busca no seu acervo.
Se você curte jogos rápidos, com boa dose de interação indireta, decisões interessantes a cada rodada e aquele twist tático que te faz querer jogar de novo só pra testar outra abordagem — sim, vale muito a pena. Principalmente se você já é fã de jogos como 7 Wonders Duel, Res Arcana ou Splendor, onde cada carta tem peso e o gerenciamento de mão é essencial.
Agora, se você prefere experiências mais controladas, com menos variáveis aleatórias e pontuações mais previsíveis, talvez Quorum te irrite um pouco. O fator sorte do mercado pode atrapalhar planos bem feitos, e a pontuação pode ser punitiva demais pra quem cometeu pequenos erros no início.
Outro ponto a favor é o design visual e o tempo de jogo enxuto. É um ótimo jogo pra abrir ou encerrar uma noite de jogatina, ou pra levar na mochila e jogar com amigos menos acostumados com jogos complexos, desde que você explique bem a pontuação.
Do ponto de vista estratégico, Quorum oferece profundidade suficiente pra deixar os estrategistas interessados, mas sem espantar os jogadores casuais. E isso, hoje em dia, é ouro.
Em resumo: se você gosta de jogos de draft com sabor histórico, valoriza arte estilosa, partidas rápidas e não se incomoda em lidar com um pouco de caos calculado, Quorum pode ser exatamente o que faltava na sua coleção.
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*fotos @dosmeeplesyuncunado

Olá, eu sou Pedro Henrique Schunz e tenho uma profunda conexão com os jogos de tabuleiro. Desde nossos primeiros encontros com clássicos familiares até as noites emocionantes de partidas estratégicas com amigos, cada dado lançado e cada carta virada moldaram nossa experiência única. Crescemos com os jogos, aprendemos com eles e, ao longo do caminho, construímos memórias inesquecíveis.